O sonho não acabou

Bom dia. Quer dizer... ainda não dormi tudo. Abri os olhos antes do sono acabar. Pelo silêncio, fora os micro-organismos, talvez seja o único ser, de certa forma, acordado. Entre nós, humanos, a esta hora, nem os padeiros. Nada de pássaros, latidos, ronco de motores. O canto do galo há muito já não se ouve. Mesmo aqui, próximo ao Corte. Vez em quando acordam-me helicópteros. Mas hoje, nem isto. O que há são pensamentos. Muitos. E passam desordenados. Vem, vão, voltam, acumulam-se como os carros mais tarde na Nossa Senhora de Copacabana. Tento me entregar ao torpor, retomar o sonho do ponto em que estava quando meio que acordei. Mas sumiu como fumaça. Nem me lembro. Melhor assim. Vai ver, foi o que me despertou. Fecho os olhos. Talvez volte a dormir e acorde com buzinas, telefone, helicópteros, pesadelo.

- Cristiano Ottoni de Menezes (inédito/2015)


Direitos Reservados © 2016 Cristiano Ottoni de Menezes

Nenhum comentário:

Postar um comentário