O que é isto? Quem fez isto? Era o que parecia perguntar, atônita, irritada. Fosse uma bola não deixaria de ser desagradável, ou pelo menos algo mais... factível. Mas um peixe, distante da água, e com aquela força?
Um menino bem pequeno veio correndo dizer que caíra de um avião.... Seu pai e outros se aproximaram, até que a moça pegou o peixe pela cauda. Olhava para ele, para cima, para os lados, à busca de uma explicação. Então tive a oportunidade de lhe relatar o que vi. Mesmo que perplexa, aos poucos conformava-se. Largou o peixe e apontou-me um vermelhão na perna atingida. Era como se tivesse levado uma chibatada.
Na areia o peixe já parecia virado na farinha. Peguei-o, vi que media uns 40 cm e tinha na barriga um pequeno sangramento pelo corte do bico da gaivota. Pelo peso e a marca na perna da moça, pude imaginar a pancada. Mostrei-o ao menino e mais uma vez expliquei o que se passou. Não caiu de um avião, mas de uma gaivota como as que nos sobrevoavam. Convidei-o a ir até a beira d’água para devolvê-lo ao mar. Quem sabe, sobreviveria.... Não precisei falar outra vez. Entreguei o peixe ao pequeno que sentiu-lhe o peso e o jogou n’água. Não foi longe e logo voltou aos nossos pés. Segurei-o novamente e, conforme os apelos do menino, atirei-o “lá no fundo”. Despedi-me do garoto, de seu pai, fiz um aceno para a moça “premiada” e retomei a caminhada.
Como de costume fui até o Forte Copacabana, onde faço a meia volta. Ao passar novamente pelo “ponto do peixe”, vi-o inerte, na água rasa, no leva e traz das ondas, já desprezado pelas gaivotas. Levantei a cabeça e me deparei com a moça. Diminuí a passada e perguntei se estava bem. Ela respondeu que sim, mas ainda impressionada comentou:
“Poxa... que azar o meu!”
Sem parar respondi:
“O que isso! Azar tiveram o peixe e a gaivota. Com tanta inhaca no ar, até que você teve sorte...
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